sábado, 16 de novembro de 2013

O BOM SAMARITANO




            O Evangelho de Lucas relata em seu capítulo 15, versículos 25 a 37 um episódio muito interessante quando Jesus fala sobre o amor ao próximo.
            Na linguagem dos dias atuais a ocorrência seria assim:
            Jesus estava cercado por um grupo de pessoas que ouvia os seus ensinamentos.
            Dentre eles levantou-se um homem que seria doutor da lei, autoridade para interpretar as Escrituras, que o interrogou, com o objetivo de tentá-lo.
            - Mestre, que preciso fazer para ganhar a vida eterna?
            Jesus olhou para ele, naturalmente penetrou o seu íntimo, sondou as suas intenções e tranquilamente respondeu-lhe:
            O que está escrito na Lei? O que você lê nela?
            O doutor da Lei, possivelmente, empertigou-se e com o seu” saber” respondeu:
            Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a atua alma, com todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e a teu próximo como a ti mesmo.
            Disse-lhe então o Mestre Jesus:
            - Respondeste  muito bem. Faze isso e viverás a vida eterna.
            No entanto, o doutor da Lei querendo mostrar a sua sabedoria quis, mais uma vez, testar Jesus.
            - Quem é o meu próximo?
            Jesus contemplou-o, passou o olhar pela multidão e esclareceu:
            - Um homem que ia de Jerusalém para Jericó foi assaltado por ladrões que o roubaram e agrediram, deixando-o semimorto.
            Passado algum tempo um sacerdote passava pelo mesmo local, viu o homem caído ao lado da estrada, porém seguiu adiante.
            Em seguida, passou pelo local um levita ( também incumbido do culto) observou o homem caído e espoliado e seguiu adiante.
            Um samaritano ( habitante da Samaria, portanto não era judeu) vindo em sua viagem chegou ao mesmo local.
            Olhou a vítima estirada no chão, encheu-se de compaixão, aproximou-se dele, colocou óleo e vinho nas suas feridas, delas cuidando.
            Depois o colocou no seu cavalo  e levou-o a uma hospedaria e cuidou dele.
            No dia seguinte deu dois denários ao hospedeiro dizendo:
            - Trate muito bem desse homem e o que gastares a mais eu te pagarei quando regressar.
            Então Jesus interrogou:
            - Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele homem que foi assaltado?
            O doutor da Lei respondeu:
            - Aquele que usou de misericórdia com ele.
            Concluiu Jesus:
            - Então, vai e faze o mesmo.
            Sem dúvida essa história de Jesus é muito emblemática para exemplificar o amor ao próximo.
            Um judeu é assaltado, o sacerdote judeu ( homem de deus) olha e não o acode.
            Um levita (judeu descendente da tribo de Levi, construtor de tabernáculos) também observa, mas não socorre.
            Um samaritano ( habitante da Samaria, por quem os judeus tinham inimizade) é quem socorre o homem semimorto e se constitui no exemplo de amor ao próximo.
            Jesus quebrava paradigmas: o fanatismo e o fundamentalismo religioso; a rigidez e hierarquia religiosa; a hipocrisia manifesta na exterioridade religiosa.
            Por outro lado, demonstra a verdadeira religiosidade como forma de manifestação do amor ao próximo, de maneira concreta e adequada, seja no contexto  individual ou coletivo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A MENINA E A POMBA



            Caminhava tranquilamente pelo calçadão quando divisei a menininha, segura pelas mãos do pai, que queria  correr para pegar as pombinhas que saltitavam no chão à procura de comida.
            Era de se ver a alegria e contentamento da garotinha vendo as pombas;  e ao delas se aproximar saiam voando para pousar em lugares mais altos, naturalmente se protegendo do imprevisível “bicho” humano.
            A cada tentativa e insucesso de agarrá-las, ria às gargalhadas.
            O pai pacientemente a acompanhava.
            Pararam por alguns instantes. A menina não se conteve ao ver novamente as pombas pousando quase à sua frente.
            Saiu correndo para pegá-las, com o rostinho iluminado pela alegria e o sorriso incontido.
            Correu alguns passos e... caiu. As pombas novamente voaram  para a segurança que desejavam.
            O pai pressuroso correndo disse:
            - Não lhe disse, filhinha, para que não corresse atrás das pombas?
            A menina levantou-se, esfregando o joelhinho, ainda sorrindo, respondeu:
            - Papai, mas elas voam tão bonito!
            O pai carinhosamente agasalhou-a no colo  e saíram atrás das pombas que, em lindo balé,  de novo debandaram.
            Fiquei pensando... Cena linda e comovente!
            A alegria espontânea de uma criança.
            Seu amor pelos animais.
            O pai zeloso, carinhoso e compreensivo com os objetivos da filha.
            As pombas voando para se proteger, porém retornando em busca do alimento.
            A menina superando a dor da queda, no momento, para prosseguir em seu objetivo.
            As lições são muitas.
            O amor aos animais... à Natureza.
            O carinho e a proteção paternal.
            As  dificuldade, o esforço e a até a dor para atingir um alvo.
            Como o ser humano, desde a tenra idade é capaz  sonhar e apreciar o belo.
            Pai e filha se diluíram no burburinho dos passantes.
            Eu ainda refletia sobre essa bela e profunda lição de vida, ainda que apresentada de forma tão prosaica.
                               

terça-feira, 17 de setembro de 2013

COMO ENFRENTAR A DOR




            “Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados” Jesus ( Mateus, cap. V, v. 5).
            A análise literal desse versículo como que apresenta uma contradição. Como pode alguém ser bem aventurado, isto é feliz, quando chora ou mesmo, posteriormente, sendo consolado.
            Mas, analisemos.
            No sentido em que Jesus ofereceu o consolo aos que choram depreende-se que esse choro é causado pela aflição do sofrimento; por algum tipo de dor, seja ela física ou moral.
            Dificilmente haverá uma pessoa que ao  atingir a maioridade não tenha sofrido algum tipo de dor. Que, de alguma maneira, não tenha vertido o pranto dolorido.
            Diante da dor poderemos adotar dois tipos de comportamento: a resignação e a resistência.
            No dicionário Aurélio, encontramos a seguinte definição para resignação: “ 3. Submissão paciente aos sofrimento da vida” .
            Nele deparamos, também, com a definição para resistência: “3.           Força que defende um organismo do desgaste de doença, cansaço, fome, etc.”
            No decorrer da vida, o ser humano defronta-se com dores como: doenças, fracasso financeiro, fracasso amoroso, morte, entre outros tantos.
            Como reagir, então, ante os sofrimentos?
            Poderemos ter dois tipos de comportamento: resignação - comportamento passivo e resistência - comportamento ativo que busca solução para acabar ou diminuir o sofrimento.
            No enfrentamento ao sofrimento  deveremos ter as seguintes atitudes:
            1. Ter uma percepção clara da fonte do sofrimento.
                 Separar aquilo que é real da imaginação.
            2. Analisar os possíveis recursos para superar a dor.
                Como deveremos agir com entendimento, bom senso e o que fazer para sobrepujar a dor.
            3. Aceitar o que pode e o que não pode ser modificado, mudando a forma de enfrentamento para uma ação ou vivência mais adequada e que diminua o sofrimento.
                Compreensão realista  para agir adequadamente.
            4. Os fatos são importantes ( causas da dor ), porém  o mais importante é a maneira como se enfrenta os fatos ( estado emocional), de modo realista ou fantasioso.
               Ter, dessa forma, a visão clara do foco da dor e da melhor forma de se comportar  diante dele, procurando sentir a realidade e fugir da ilusão e da imaginação exacerbada.
            Seguindo esses passos poderemos enfrentar a dor melhor preparados para agir pelo caminho da resignação ou pela senda do enfrentamento.
            Estaremos, deste modo, aparelhados, com  equilíbrio emocional, para calmamente atuarmos a fim de eliminar ou diminuir a dor que nos aflige.
            É atribuída ao teólogo Reinhold Niebuhr a Oração da Serenidade, que assim propõem: “Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para distinguir umas das outras”.
            Consideremos, ainda, o Espiritismo nos ensina que a dor, seja ela qual for, não é um castigo divino, pois Deus não castiga, Ele educa e aprimora seus filhos, suas criaturas, pelos caminhos da evolução no sentido da felicidade.
            Nesse sentido espiritual é que se referia o Mestre Jesus em suas palavras consoladoras, Dirigia-se diretamente ao espírito imortal, provisoriamente ligado ao corpo físico para as necessárias experiências evolutivas.
            Portanto, a dor tem um caráter educativo e precisamos, pois, retirar dela as experiências pedagógicas que nos oferece.
            Resignação e resistência são dois instrumentos importantes na construção da nossa felicidade.
            Vamos treinar para usá-las sempre e, cada vez, de forma mais apropriada e eficiente.
                               

           
           
           

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A RELIGIÃO QUE JESUS DEIXOU: O AMOR




“ Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento...
   Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.Jesus ( Mateus, cap. XXII, vv. 37 a 40).

            Caminhava tranquilamente pela rua, quando, à minha frente, duas pessoas conversavam animadamente e em um tom relativamente alto.
            À medida que me aproximava das duas pude ouvir que discutiam sobre qual da religião delas era a melhor. E cada uma, citando os Evangelhos procurava argumentar que a sua era a verdadeira.
            Ultrapassei-as, mas continuei pensando no assunto. Chegando em casa fui até meu arquivo e localizei algumas reflexões que já havia tido sobre esse tema.
As afirmações de Jesus demonstram de modo inequívoco a Religião que deixou,  em seus ensinamentos: a Religião do Amor.
Há quase dois mil anos este é o apelo que Ele fez a todos que tomam conhecimento dos seus ensinamentos. No entanto, os homens têm tomado as suas palavras para, manifestação de seu orgulho, vaidade e autoritarismo, criaram organizações, grupos, seitas que se prendem às exterioridades para delimitarem “ territórios sagrados”. Que têm se digladiado, ao longo dos séculos, na disputa de quem tem o Deus verdadeiro e qual território é o escolhido por Ele. A história registra guerras sangrentas e fratricidas em nome do próprio Jesus que cobriram os campos da Europa e da mesma forma tingiram vales e montes nas Américas.
No entanto, o apelo do Mestre Excelso permanece: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o seu coração...” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
A nossa convivência fraterna e solidária é um imperativo para a felicidade individual e coletiva.
Para aplicação desses princípios, no dia a dia em nossas atividades e  no relacionamento com o outro, recordemos as palavras de Emmanuel/F.C.Xavier, quando nos alerta para o serviço assistencial, que poderemos  realizar:
“Desista de brandir o açoite da condenação sobre os aspectos da vida alheia.
Esqueça o azedume da ingratidão em defesa da própria paz.
Não pretenda refazer radicalmente a experiência do próximo a pretexto de auxiliá-lo.
Remova as condições de vida e os objetos de uso pessoal, capazes de ambientar a humilhação indireta.
Evite menosprezar os menos felizes à conta de proscritos à fatalidade do sofrimento.
Não espere entendimento e ponderação do estômago vazio.
Aceite de boamente os pequeninos favores com que alguém procure retribuir-lhe os sinais de fraternidade e as lembranças singelas.
Seja pródigo em atenções para com o amigo em prova maior que a sua, desfazendo aparentes barreiras que possam surgir entre ele e você.
Conserve invariável clima de confiança e alegria ao contato dos companheiros.
Não recuse doar afeto, comunicabilidade e doçura, na certeza de que a violência é inconciliável com a bênção da simpatia.
Mantenha uniformidade de gentileza em qualquer parte, com todas as criaturas.
Recorde que o auxílio inclui bondade e humildade, lhaneza e solidariedade para ser não somente alegria e reconforto naquele que dá e naquele que recebe, mas também segurança e facilidade no caminho de todos.”
Inquestionavelmente, os avanços na área da Psicologia trazem preciosos conceitos na melhoria do relacionamento entre os seres humanos, a Sociologia, a Economia e a Política acrescentam  progresso ao estabelecer princípios nas leis para melhor concretizar  a justiça e a solidariedade na sociedade humana; não obstante, pensemos nos enunciados acima que também deverão inspirar nossas ações para a construção de um mundo melhor e uma sociedade mais feliz.