“ Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de todo o teu entendimento...
Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas”.Jesus (
Mateus, cap. XXII, vv. 37 a 40).
Caminhava
tranquilamente pela rua, quando, à minha frente, duas pessoas conversavam
animadamente e em um tom relativamente alto.
À
medida que me aproximava das duas pude ouvir que discutiam sobre qual da
religião delas era a melhor. E cada uma, citando os Evangelhos procurava
argumentar que a sua era a verdadeira.
Ultrapassei-as,
mas continuei pensando no assunto. Chegando em casa fui até meu arquivo e
localizei algumas reflexões que já havia tido sobre esse tema.
As afirmações
de Jesus demonstram de modo inequívoco a Religião que deixou, em seus ensinamentos: a Religião do Amor.
Há quase dois
mil anos este é o apelo que Ele fez a todos que tomam conhecimento dos seus
ensinamentos. No entanto, os homens têm tomado as suas palavras para,
manifestação de seu orgulho, vaidade e autoritarismo, criaram organizações,
grupos, seitas que se prendem às exterioridades para delimitarem “ territórios
sagrados”. Que têm se digladiado, ao longo dos séculos, na disputa de quem tem
o Deus verdadeiro e qual território é o escolhido por Ele. A história registra
guerras sangrentas e fratricidas em nome do próprio Jesus que cobriram os campos
da Europa e da mesma forma tingiram vales e montes nas Américas.
No entanto, o
apelo do Mestre Excelso permanece: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o seu
coração...” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
A nossa
convivência fraterna e solidária é um imperativo para a felicidade individual e
coletiva.
Para aplicação
desses princípios, no dia a dia em nossas atividades e no relacionamento com o outro, recordemos as
palavras de Emmanuel/F.C.Xavier, quando nos alerta para o serviço assistencial,
que poderemos realizar:
“Desista de
brandir o açoite da condenação sobre os aspectos da vida alheia.
Esqueça o
azedume da ingratidão em defesa da própria paz.
Não pretenda
refazer radicalmente a experiência do próximo a pretexto de auxiliá-lo.
Remova as condições
de vida e os objetos de uso pessoal, capazes de ambientar a humilhação
indireta.
Evite
menosprezar os menos felizes à conta de proscritos à fatalidade do sofrimento.
Não espere
entendimento e ponderação do estômago vazio.
Aceite de
boamente os pequeninos favores com que alguém procure retribuir-lhe os sinais
de fraternidade e as lembranças singelas.
Seja pródigo
em atenções para com o amigo em prova maior que a sua, desfazendo aparentes
barreiras que possam surgir entre ele e você.
Conserve
invariável clima de confiança e alegria ao contato dos companheiros.
Não recuse
doar afeto, comunicabilidade e doçura, na certeza de que a violência é
inconciliável com a bênção da simpatia.
Mantenha
uniformidade de gentileza em qualquer parte, com todas as criaturas.
Recorde que o
auxílio inclui bondade e humildade, lhaneza e solidariedade para ser não
somente alegria e reconforto naquele que dá e naquele que recebe, mas também
segurança e facilidade no caminho de todos.”
Inquestionavelmente,
os avanços na área da Psicologia trazem preciosos conceitos na melhoria do
relacionamento entre os seres humanos, a Sociologia, a Economia e a Política
acrescentam progresso ao estabelecer
princípios nas leis para melhor concretizar
a justiça e a solidariedade na sociedade humana; não obstante, pensemos
nos enunciados acima que também deverão inspirar nossas ações para a construção
de um mundo melhor e uma sociedade mais feliz.