quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A CULPA E O ARREPENDIMENTO

              Conversava com o meu amigo José quando ele, de inopino, me disse:
            - Estou chateado... Falei umas coisas para minha mulher e num tom áspero e, agora, estou chateado. Arrependido. Como é difícil a gente viver bem, né?
            Falei-lhe:
            Você tem razão. Isso até já me levou a pensar muito e até a escrever sobre a questão.
            - É? Eu gostaria de ler o que você escreveu.
            - Fui até o escritório e trouxe a página escrita.
            - Leia, por favor.
            - Sim, respondi-lhe. Eu mesmo preciso ler e meditar muito sobre esse tema. Vamos lá. Iniciei a leitura:
            Todos nós desejamos estar em estado emocional de harmonia; é uma meta para o bem-estar, porém nem sempre isso é possível.
            Um estado que desestrutura o nosso emocional é a culpa.
            Para sentirmos a culpa, precisamos ter um padrão de comportamento que nós respeitamos e que é aceito e mesmo exigido pelo grupo social a que pertencemos e pela cultura social que nos envolve.
            Desta forma as infrações às normas morais, sociais e mesmo legais são variáveis no tempo, no espaço e entre as culturas..
            Embora essa diversidade há, porém, conceitos gerais sobre a culpa quando, por exemplo, praticamos atos que atentam contra o direito do próximo. Fere a sua integridade física, psicológica ou espiritual.
            No entanto, há certos condicionamentos que vêm desde a formação familiar de, sutilmente, despertar um sentimento de culpa quando não atendemos a interesses e mesmo exigências de familiares e, por conseqüência, de outras pessoas além do reduto doméstico.
            Quando praticamos um ato, pronunciamos uma palavra que depois de realizados  nos arrependemos deles e sentimos culpa, a nossa reação, em seguida é de:
            a) sentirmos que, como pessoa, não temos valor;
            b) justificarmos, a qualquer custo, o nosso comportamento;
            c) ser por demais doloroso e difícil examinarmos o comportamento tido como inadequado.
            É claro que o nosso comportamento deverá sempre adequado de maneira que não venhamos a ferir os direitos do próximo, no entanto, deveremos considerar que não somos ainda espíritos perfeitos, como nos diz o Espiritismo.
            Se constatarmos que agimos deliberadamente mal intencionados é óbvio que se imporá a devida reparação, pelo contato direto com o ofendido ou se foi algo mais grave teremos a dosagem da reparação pelas leis humana ou pela lei Divina.
            A culpa deve ser um estado emocional e mesmo sentimental que nos proporciona a avaliação daquilo que fizemos, de forma sincera e honesta.
            Com essa clareza de visão deveremos, então, agir no sentido da reparação do que não foi bem feito e aí,  “cada caso é um caso “.
            Assim pensando e agindo concluiremos que:
            a)  todos nós temos valor, independentemente dos possíveis atos inadequados que praticamos, pois somos espíritos em evolução;
            b) deveremos aceitar o nosso comportamento e, mesmo se agimos por impulso, reconhecê-lo com sinceridade e honestidade;
            c) por mais doloroso que seja, somente nos reequilibraremos emocional e sentimentalmente se admitirmos a prática daquele ato.
            Conseqüentemente, deveremos estar preparados para a reparação que a culpa nos indica.
            A culpa bem entendida é poderoso instrumento para o nosso aprimoramento, no entanto não deve ser confundida com aqueles estados que nós geramos e que nos levam à depressão ou aqueles que outras pessoas procuram nos inculcar para nos explorarem emocional e sentimentalmente.
            Quando alguém quer nos imputar a culpa deveremos fazer a análise racional se aquilo é verdade ou não. Se for, já sabemos o mínimo que nos compete fazer, se não for torna-se necessário mostrar para a pessoa a sua conduta exploradora e manipuladora.
            Terminei a leitura.
            - Você me dá uma cópia?
            - Claro, ela não é minha, pois o que aí está é uma síntese do que tenho lido em autores espíritas ou não.
            - Agora vamos para o exercício, que não é fácil – completou José.
            - Pois é, e agora José?
           


A IMORTALIDADE DA ALMA E A SUA EVOLUÇÃO

             Meu amigo Arnaldo é uma pessoa muito inteligente e estudiosa em vários campos do conhecimento humano.
            Nosso diálogo se desdobrava em torno da existência da alma e a sua imortalidade.
            Arnaldo argumentava que a concepção de alma ou espírito é muito vaga, por conseguinte ele optava, racionalmente, por não acreditar na sua existência.
            Por coincidência ou não, naquela noite teríamos no Centro Espírita Amor e Verdade uma palestra com Manoel Luiz sobre o tema: A imortalidade e a evolução da alma.
            Convidei Arnaldo para comparecer. Ele aceitou.
            Na hora aprazada lá estávamos ouvindo:
            - A alma possui sua individualidade antes de se ligar a um corpo físico e a conserva depois de se haver separado do corpo material.
Encontramos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação Divina e povoam o Universo.
A inteligência é um atributo essencial do Espírito.
O Espírito e a matéria são distintos um do outro, mas a união do Espírito e da matéria  é necessária para o aprimoramento do Espírito e da matéria.
O Espírito é composto de matéria quintessenciada.
Os Espíritos estão por toda parte e povoam os espaços infinitos.
Muitos deles estão ao lado das pessoas: observando-as, ajudando-as ou atrapalhando-as, de acordo com a “afinidade” que têm, nas áreas da: inteligência, sentimento, emoção e ato com elas.
Os Espíritos são uma das potencias da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de sua vontade.
Os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e atribulações da vida corporal ( questão nº 133 de O Livro dos Espíritos)
Ele deverá sair desse estágio para atingir a perfeição que lhe é compatível, desfrutando, então, a plena felicidade.
Não há privilégio na Criação Divina, todos são criados de igual forma e devem desenvolver-se através das experiências que lhe são necessárias.
Nesses conceitos da Doutrina Espírita encontramos valores importantes para a nossa vida, em nosso viver cotidiano.
Por consequência, a imortalidade deve levar-nos a compreender melhor as limitações da vida física e valorizá-la na perspectiva de que é importante oportunidade que estamos tendo, contudo ela é apenas “um momento” de nossa vida. Isso deve ajudar-nos a diminuir o orgulho, a vaidade e o egoísmo e a estimular a justiça e a solidariedade.
Abre-se, pois, uma perspectiva de confiança, esperança, otimismo e fé em si mesmo e também na Causa Primária de todas as coisas – Deus.
Que essa visão de liberdade e evolução nos inspire, sobretudo nas horas de dor e sofrimento, a Esperança no futuro permanente e grandioso que  nos espera.
Manoel Luiz, o expositor, terminou sua fala.
À saída, no retorno às nossas casas, indaguei de Arnaldo:
- O que você achou?
- Sinceramente, não digo que já aceito a existência e a imortalidade da alma, mas estou levando muito material para minhas reflexões... quem sabe... e  pretendo continuar nosso diálogo sobre o assunto.
Despedimo-nos; eu, igualmente, pensando muito sobre o assunto.

A IMORTALIDADE DA ALMA

“ Que é o Espírito?

-          O princípio inteligente do universo.” ( Questão nº23 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec)

“Em que sentido se deve entender a vida eterna?
-  A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retorna a vida eterna.” ( Questão nº 153 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec)
                                                        
A alma possui sua individualidade antes de se ligar a um corpo físico e a conserva depois de se haver separado do corpo material.
Allan Kardec, na codificação do Espiritismo, procurou conceituar que a alma seria o espírito ligado à matéria e Espírito quando estivesse livre do corpo físico, no entanto essa precisão de linguagem não foi acatada e hoje, na literatura espírita, usam-se os termos alma e espírito indistintamente.
Encontramos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação Divina e povoam o Universo.
A inteligência é um atributo essencial do Espírito.
O Espírito e a matéria são distintos um do outro, mas a união do Espírito e da matéria  é necessária para o aprimoramento do Espírito e da matéria.
O Espírito é composto de matéria quintessenciada.
É difícil, no momento, conhecermos a essência do Espírito, pois faltam termos de comparação e uma linguagem eficiente.
A dificuldade para compreensão é muito maior do que a de um cego de nascença para definir a luz.
Os Espíritos estão por toda parte e povoam os espaços infinitos.
Muitos deles estão ao lado das pessoas, observando-as, ajudando-as ou atrapalhando-as, de acordo com a “afinidade” que têm, em termos de: inteligência, sentimento, emoção e ato com essas pessoas.
Os Espíritos são uma das potencias da natureza e o instrumento de que Deus se serve para a execução de sua vontade.
Os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e atribulações da vida corporal (questão nº 133 de O Livro dos Espíritos)
Poderemos entender a expressão: “simples” como sendo o Espírito que ainda não desenvolveu as suas potencialidades nas áreas do sentimento, inteligência, emoção e ação.
Por outro lado, a qualificação “ignorante”, como sendo o estado daquele Espírito que “ainda não sabe”, que “desconhece”.
Ele deverá sair desse estágio para atingir a perfeição que lhe é compatível, desfrutando, então, a plena felicidade.
Não há privilégio na Criação Divina, todos são criados de igual forma e devem desenvolver-se através das experiências que lhe são necessárias.
Nesses conceitos da Doutrina Espírita encontramos valores importantes para a nossa vida, em sua essência, e em nosso viver diário.
A nossa imortalidade deve levar-nos a compreender melhor as limitações da vida física e valorizá-la no sentido de que é uma importante oportunidade que estamos tendo, mas ela é apenas “um momento” de nossa vida. Isso deve ajudar-nos a diminuir o orgulho, a vaidade e o egoísmo.
Ao dizer-nos que Deus criou-nos a todos de igual forma e para todos estabeleceu a meta da plena felicidade, revela-nos o Amor Supremo de Deus e  a sua Justiça para com todos os Espíritos que ele criou.
Nesse inicio comum e meta para todos, podemos encontrar os fundamentos da fraternidade e da solidariedade que deve inspirar todos os seres humanos.
Abre-se, pois, uma perspectiva de confiança, esperança, otimismo e fé em si mesmo e também na Causa Primária de todas as coisas – Deus.
Que essa visão de imortalidade, liberdade e evolução inspire-nos, em todos os momentos, a Esperança no futuro permanente e grandioso que  nos aguarda, alcançável pelo mérito de nossas realizações.

ADORAÇÃO A DEUS

            Nosso grupo de estudo, naquela noite, debruçava-se sobre a Lei de Adoração, constante da 3ª Parte de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, desejando entende-la ou ampliar o seu conhecimento sobre ela.
            Luciano, o coordenador do grupo, afirmou:
            - De início já vou citar a questão formulada por Allan Kardec: “ Tem Deus preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira?” Ao que, os Mentores Espirituais esclareceram: “ Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes”.
            - Interessante, aparteou Antonio:
            Parece que essa colocação do assunto leva-nos a uma visão que o conceito de adoração, no Espiritismo, apresenta a adoração a Deus como forma de participação na sociedade. É isso?
            - O que você opina, Lourdes?
            - É parece que para se fazer o bem e evitar o mal é necessário que o ser humano seja participante da sociedade em que vive, através de ações que preservem os próprios direitos naturais, como também, dentro de suas possibilidades, defenda os direitos naturais do seu semelhante.
            Ricardo, com o seu temperamento alegre, exclamou:
            - Olha aí, não só a espírita, como, também, a ilustre advogada aprofundando a questão.
            - Sem gozação, Ricardo, porém acrescento: de nada vale a adoração exterior manifesta em rituais e posturas falsas, se o comportamento da pessoa é motivada pelo egoísmo, orgulho, vaidade e prepotência.
            Com a sua tranqüilidade, Luciano aduziu:
            - Para fazer o bem e evitar o mal é necessário procurar extinguir o orgulho, a inveja, o egoísmo, a vaidade e a prepotência, não só em si mesmo, como também das instituições sociais.
            Interessante, Luciano, prosseguiu Ledir:
            - Esse conceito de adoração a Deus leva não só à reforma íntima, ou seja, à auto-educação da pessoa, como à reforma da sociedade em seus padrões de egoísmo e orgulho, em nome das quais se justificam as desigualdades e as injustiças.
            - É verdade Ledir, há líderes religiosos que afirmam dever a religião cuidar apenas da alma; e nesse cuidar da alma justifica-se a submissão total que leva à alienação social.
             O Espiritismo não apresenta um conceito de adoração fundamentado na submissão passiva e medrosa ao Criador.
            Torna-se necessário ter cuidado afim de que a religião, e nela a adoração a Deus, não se torne instrumento dos poderosos do mundo  para manipulação do povo, de conformidade com os seus interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem.
            Paulo, que se mantivera em silêncio até então, interferiu:
            - Estava pensando... O Espiritismo ajuda na compreensão das limitações humanas e na proteção divina, nunca apelando a uma submissão castradora, de inibição às potencialidades humanas. Pelo contrário, demonstra que a oração ao aproximar a criatura ao Criador, constitui-se numa possibilidade de estudo de si mesma. As boas ações são as melhores preces, por isso valem os atos mais que a palavra de pessoas cujos atos as desdizem.
            - É Paulo, falou tranqüilamente Terezinha,  segundo o Espiritismo, o valor de uma religião , filosofia ou seita está em promover o crescimento, a força, a liberdade àquelas pessoas que a professam e, conseqüentemente, as levam a fraternidade e à solidariedade.
            Após algum tempo de análises e debates sobre as essenciais condições para a adoração a Deus, sob a ótica espírita, Luciano arrematou:
            - Bem pessoal, penso que, após o nosso diálogo, poderemos sintetizar assim: “ o conceito espírita de adoração infunde um profundo respeito pela Vida, uma permanente indagação sobre o universo e o homem, um intrínseco amor pelo semelhante. Estimula sempre o aperfeiçoamento e o progresso da pessoa e da sociedade, através da solidariedade”.
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