segunda-feira, 5 de novembro de 2012

RECLAMAÇÃO E ENTENDIMENTO





            “Bem aventurados os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia” Jesus (Mateus, cap.V, v.7)
            Aguardava, no terminal rodoviário, a autorização para entrar no ônibus, com as outras pessoas que, também, viajariam.
            Subitamente ouvimos gritos e palavras em altos brados.
            Um homem e uma mulher discutiam acaloradamente.
            O conflito se estabelecera, ninguém parecia ceder. Não comungavam nem a misericórdia, nem a brandura. Sentimentos necessários naquele momento para que houvesse o entendimento, a compreensão e a justiça.
            Repentinamente, o rapaz falou mais alto e saiu quase correndo, enquanto a mulher ainda deprecava.
            Comecei a refletir sobre algo que já havia escrito...
            A misericórdia é a manifestação da brandura. Ela consiste no entendimento e na ajuda para a reparação da ofensa
            Ao lado dos grandes conflitos e desentendimentos existem, também, aqueles do dia a dia, que parecem pequenos, mas acabam desestabilizando emocionalmente a pessoa que recebe a reclamação.
            É claro que não gostamos de receber reclamações, tanto no convívio familiar quanto no ambiente de trabalho ou em outro lugar qualquer.
            A forma de manifestação da reclamação quase sempre é negativa e, então, nos colocamos na posição mental de defesa e daí nos sentimos irritados ou desanimados.
            Nesse estado de alma  reagimos e, quase sempre, produzimos no “reclamante” mais irritação ou agressividade.
            Às vezes, a reclamação é procedente, nosso entendimento ou comportamento não está correto, noutras, porém, ela é injusta e improcedente.
            Dentro do possível é preciso manter a calma ou buscá-la para reagir de forma correta, assertiva, o que nos ajudará e também ao reclamante.
            A irritação e a agressividade nada resolvem, pelo contrário, agravam ainda mais a situação que já era tensa. Aliás, se nos descontrolamos aquele que reclama vai ter mais motivos para fundamentar a sua reclamação, carregando-a com mais energia negativa.
            Lembremos, a irritação causa estresse e este   gera desequilíbrio orgânico físico, psicológico e espiritual.
            Se não nos acalmarmos, os ânimos se acirram e podem extrapolar o foco da reclamação e descambar para as ofensas pessoais, fugindo totalmente do problema inicial.
            Quando nos deixamos envolver pela irritação, pelo exagero em nossa própria defesa, geramos um estresse excessivo, dificultando o controle emocional e sentimental, tornamo-nos uma “bomba” de energias mentais desequilibradas e desequilibradoras.
            Se o conflito e a reclamação surgiram no trabalho, sem dúvida, chegando na intimidade do lar nossos familiares passarão a receber as descargas energéticas da nossa irritação.
            A tristeza, o sofrimento, a mágoa serão distribuídas aos familiares: esposa, filhos, pais e irmãos e que, até há pouco, nos aguardavam em paz.
            Pode, também, acontecer ao contrário, uma reclamação não bem recebida e administrada no ambiente familiar poderá se constituir em uma bomba que explodirá em nosso ambiente de trabalho, produzindo conseqüências muito graves.
            O que fazer então?
            Quando recebermos uma reclamação, procuremos respirar fundo algumas vezes e tentemos relaxar...
            Deixemos a pessoa falar tudo o que ela tem a dizer, sem interrompê-la.
            Com sinceridade, prestemos atenção no que ela está dizendo, procurando compreendê-la.
            Se não entendermos algo, com gentileza, peçamos que ela esclareça aquele ponto.
            Procuremos estabelecer empatia com o reclamante. É importante ver o assunto do ponto de vista do outro. Avaliemos o que ele tem razão e aquilo que ele não tem razão.
            Finalmente, procuremos uma solução, pelo menos ofereçamos aquela que julgarmos a melhor. Se não for a solução que o reclamante está desejando, tentemos  outra ou, até mesmo, algumas alternativas.
            Se oferecermos a paz, a paz teremos de volta.
Se o reclamante não desejá-la, que o problema permaneça com ele e não conosco.
Entrei no ônibus para a volta ao lar, desembarquei do “ônibus da reflexão”, mas, ainda, pensei:           como disse o Mestre Jesus:
“ – Felizes os misericordiosos!”