quinta-feira, 6 de agosto de 2015

VOEM JUNTOS


           



Vendo um debate sobre o casamento, na televisão, lembrei-me de algumas reflexões a respeito do tema, aproveitei-as, então, em uma palestra sobre o assunto.
            A energia que atrai o homem e a mulher para o casamento é muito forte.
            Mesmo nos dias atuais, quando os usos e costumes sofreram o impacto do mundo industrializado, da globalização, da ascensão  social, profissional e econômica da mulher e a   conseqüente ampliação da sua  liberdade sexual, essa força é muito grande.
              vozes que, pretendo trazer um cunho de modernidade, afirmam ser o casamento uma instituição obsoleta, fadada ao desaparecimento.
            A Doutrina Espírita nos diz que: “  para a sociedade o relaxamento dos laços de família será a recrudescência do egoísmo “ ( v. questão nº 775 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec )
            Portanto a atração entre o homem e a mulher para a constituição de um relacionamento estável, de fidelidade, de produzir prazeres um para o outro,  zelo recíproco é aspiração de ambos.
            É inegável, porém, que a modernidade trouxe algumas dificuldades para esse relacionamento que nunca foi fácil.
            A mulher deixou de ser apenas a “ dona de casa”, com auxiliares ou não.
            Não é mais submissa, quase de forma incondicional ao homem, não só pelos usos e costumes, mas, também, por uma legislação que a colocava sob a tutela do marido.
            Hoje esse relacionamento pode ser estimulador de crescimento e realização para ambos ou foco de constantes conflitos.
            Ao lado dos fatores jurídicos sociais surgem os fatores psicológicos.
            Fui levado a essas reflexões após a leitura de interessante história, cujo título já é bastante sugestivo: “ o verdadeiro amor não prende, apenas acompanha “
            Assim inicia:
            “ Conta uma antiga lenda dos índios Sioux, que, Touro Bravo, valente e honrado  jovem guerreiro e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo,chegaram de mão dadas, até a tenda do velho pajé da tribo...
            Nós nos amamos... e vamos nos casar – disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã... alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
            O velho índio emocionado ao vê-los tão apaixonados e desejosos por um conselho disse:
            - Sim! Algo pode ser feito, mas é uma tarefa muito difícil. Você, Nuvem Azul, deve escalar o monte e apenas com uma rede e nas mãos deve caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E você, Touro Bravo, - continuou  o sábio feiticeiro - escale a montanha do trono.  Lá, no pico você encontrará a mais brava das águias. Com as mãos e uma rede  você a apanhará, trazendo-a viva para mim.
Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, à frente da tenda do sábio pajé, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.
            O índio sábio pediu que, com cuidado, as tirassem dos sacos.
            Indagou o jovem:

            - E agora o que faremos?  Vamos matá-las e depois beberemos a honra de seu sangue?
            - Ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? – propôs a bela índia.
            - Não! – disse o  pajé, - Amarrem-nas  pelas pernas e, soltem-nas, para que voem.
            Fizeram o  que lhes  foi ordenado e soltaram os pássaros.
            A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Exaustas e irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se e machucando-se.
            O velho disse:
            - Jamais se esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho.
            Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados uma ao outro, ainda que por amor,  viverão arrastando-se e, cedo ou tarde,começarão a se machucar.
            Para que o amor entre vocês perdure... voem juntos, mas não amarrados.
            Concluímos, então, que a pessoa amada é companheira na senda de nossa evolução em direção à felicidade, com ela poderemos partilhar nossos sorrisos, nossas lágrimas, nossas esperanças, mas não escravizá-la na posse, como se fora um objeto.
            Os bons sentimentos existirão e perdurarão se houver liberdade e responsabilidade para com o ser amado.
           
                       
           
           

NTE O SUBLIME