“Será
contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois
seres?
-
É um progresso na marcha da humanidade.”
(1)
Em
nosso diálogo fraterno de atendimento a uma senhora que apresentava problemas
de convivência com o marido e filhos, lembramos de algumas reflexões que já
havíamos feito e na linguagem coloquial procuramos passar-lhe alguns desses conceitos
que a Doutrina Espírita nos apresenta.
A
família é importante encontro de espíritos que se reúnem em processo educativo,
onde uns já se encontram mais avançados em suas inteligências emocional,
sentimental e intelectual; outros em estágios menos adiantados.
Também
o relacionamento entre marido e mulher, pais e filhos, entre irmãos e outros
componentes da constelação familiar pode ser mais harmônico ou não, em
diferentes períodos dessas vidas entrelaçadas.
A
família tem uma dimensão espiritual muito grande.
Não
estamos compondo-a, por acaso.
Os
vínculos que prendem seus membros não são apenas os de natureza material,
social e psicológica eles são mais fortes e se prendem à essência espiritual de
cada um.
No
extenso panorama da vida eterna, que se projeta para o futuro, mas tem as suas
raízes profundas no passado, através da pluralidade das existências, as
energias de atração e repulsão manifestam-se de forma muito firme no
relacionamento entre os seus componentes.
Assim
manifestam-se a simpatia e a antipatia, o bom relacionamento e o mau
relacionamento, a harmonia e a desarmonia na constelação familiar.
No
entanto, sentimos que o lar é o laboratório
que deve depurar e aprimorar os laços afetivos daqueles que o
estruturam.
Para
isso um instrumento indispensável é o
diálogo, a conversa que permita o entendimento.
Certa
feita, vi e ouvi a preleção que um psicólogo fazia a respeito dos conflitos
familiares, especialmente entre aquele que se estabelece entre marido e mulher.
Na orientação
aos clientes ele afirmava: - “dialoguem!”.
Prosseguiu
ele: - Nossa! Depois eu ia ver o acontecido.
Ao invés de diminuir a confusão, eu tinha aumentado.
Parece
um paradoxo, mas é verdade. Se apenas dissermos: dialoguem, conversem. A
confusão pode aumentar.
Isto
porque dialogar, não é um ficar discordando do outro e impondo as suas idéias e
aumentando o volume da voz, quer isso ocorra entre marido e mulher; pais e
filhos e entre irmãos.
O
diálogo para ser produtivo precisa ter alguns fundamentos e determinados
objetivos.
1.
Aprender a ouvir o familiar.
Parece fácil,
mas é difícil. Quando há contraposição de argumentos, de idéias não é fácil
ouvir o familiar. A tendência é impor as próprias idéias. Muita vez, nem
pensamos no que a outra pessoa está dizendo. A preocupação é arrumar outro
argumento para rebater as palavras que nem se está ouvindo.
Sim,
para haver diálogo é preciso aprender a ouvir, exercitar a paciência.
Colocar-se no lugar daquele que está falando. Ponderar os seus pensamentos e a
verdade ou não sobre eles.
Tem
de começar com uma prática de amor ao próximo, como preconizou o Mestre Jesus.
2. Controlar as emoções.
Se
surgiu um problema com aquele membro da família e esse problema também nos
envolve e nos traz mal estar, produzindo forte emoção negativa, não adianta
embarcarmos nas ondas dos pensamentos e sentimentos descontrolados.
Primeiramente,
vamos controlar essas emoções, que podem ir da irritação ao ódio.
3. Ser compreensível.
Se, no
diálogo, tivermos que mostrar ao outro um erro, vamos fazê-lo da maneira mais
tolerante que nos seja possível.
4. Reconhecer a verdade.
De nossa
parte, saibamos reconhecer o erro e, se for o caso, repará-lo, sabendo que todo
ser humano ainda não é perfeito e estamos trilhando esse aprimoramento. Que não
há desdouro em reconhecer a própria falha e consertá-la.
5. Harmonização.
Portanto, em
nosso diálogo, em família, principalmente quando haja divergência sobre algo,
saibamos encontrar os pontos de convergência ou mesmo aceitar os próprios erros
ou esclarecer o familiar relativamente ao seu engano, com sincero desejo em
ser-lhe útil.
Referência
bibliográfica: (1) O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão n 695, Ed. Feb.