domingo, 16 de agosto de 2015

QUEM BUSCA ACHA




Pedi e se vos dará: buscai e achareis. Batei à porta e se vos abrirá; porquanto, quem pede recebe e quem procurar acha e, àquele que bata à porta, abrir-se-á.
            Qual o homem, dentre vós, que dá uma pedra ao filho que lhe pede pão? Ou, se pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Ora, se, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, não é lógico que, com mais forte razão, vosso Pai que está nos céus dê os bens verdadeiros aos que lhos pedirem? ( Mateus, 7 - 7 a 11.)(1)
            Analisando essas palavras de Jesus, Allan Kardec afirma: “ Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo que o céu te ajudará. É o principio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso,  porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em ação as forças da inteligência.
            Na infância da humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento, dos meios de  se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos. Deus, porem, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e   é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição, que o leva às descobertas da, à invenções, ao aperfeiçoamento da Ciência, porquanto é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Pelas suas pesquisas, a inteligência  se lhe engrandece, o moral se lhe depura. Às necessidades do corpo sucedem as do espírito: depois do alimento material, precisa ele do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.” (2)
            Após essa demonstração do instrumento de progresso coletivo através do trabalho, Kardec também analisa a motivação para o progresso individual.
            “ Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado. Se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. Por isso é que lhe fez do trabalho uma necessidade e lhe disse: Procura e acharás; trabalha e produzirás. Dessa maneira serás filho das tuas obras, terás delas o mérito e serás recompensado de acordo com o que hajas feito.” (3)
            Observamos que as palavras de Jesus podem ser entendidas como estímulo à procura da humanidade por seu bem estar, como, também, individualmente como a procura, a busca, a superação de obstáculos, que ajuda a pessoa em seu desenvolvimento pessoa,l seja no  aspecto intelectual quanto no moral.
            Portanto o pedir não pode ser uma atitude de passividade, porém de busca e de superação de obstáculos, representados pela porta fechada.
            Por conseguinte, Jesus apresenta de forma simples e compreensível, desde os seus coevos, a dinâmica da evolução e do progresso individual e coletivo da humanidade.
            Assim, vamos aprender a pedir a Deus, contudo, com inteligência e esforço e a buscar os nossos objetivos;  e mesmo  diante dos obstáculos, saber  bater à porta a fim de que ela se abra para as nossas boas realizações nas dimensões do mundo material e espiritual.
            Referência:
            (1) Novo Testamento, Mateus.
            (2) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, ed. FEB. Brasília.
            (3) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, ed. FEB. Brasília.
           

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

VOEM JUNTOS


           



Vendo um debate sobre o casamento, na televisão, lembrei-me de algumas reflexões a respeito do tema, aproveitei-as, então, em uma palestra sobre o assunto.
            A energia que atrai o homem e a mulher para o casamento é muito forte.
            Mesmo nos dias atuais, quando os usos e costumes sofreram o impacto do mundo industrializado, da globalização, da ascensão  social, profissional e econômica da mulher e a   conseqüente ampliação da sua  liberdade sexual, essa força é muito grande.
              vozes que, pretendo trazer um cunho de modernidade, afirmam ser o casamento uma instituição obsoleta, fadada ao desaparecimento.
            A Doutrina Espírita nos diz que: “  para a sociedade o relaxamento dos laços de família será a recrudescência do egoísmo “ ( v. questão nº 775 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec )
            Portanto a atração entre o homem e a mulher para a constituição de um relacionamento estável, de fidelidade, de produzir prazeres um para o outro,  zelo recíproco é aspiração de ambos.
            É inegável, porém, que a modernidade trouxe algumas dificuldades para esse relacionamento que nunca foi fácil.
            A mulher deixou de ser apenas a “ dona de casa”, com auxiliares ou não.
            Não é mais submissa, quase de forma incondicional ao homem, não só pelos usos e costumes, mas, também, por uma legislação que a colocava sob a tutela do marido.
            Hoje esse relacionamento pode ser estimulador de crescimento e realização para ambos ou foco de constantes conflitos.
            Ao lado dos fatores jurídicos sociais surgem os fatores psicológicos.
            Fui levado a essas reflexões após a leitura de interessante história, cujo título já é bastante sugestivo: “ o verdadeiro amor não prende, apenas acompanha “
            Assim inicia:
            “ Conta uma antiga lenda dos índios Sioux, que, Touro Bravo, valente e honrado  jovem guerreiro e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo,chegaram de mão dadas, até a tenda do velho pajé da tribo...
            Nós nos amamos... e vamos nos casar – disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã... alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos... que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
            O velho índio emocionado ao vê-los tão apaixonados e desejosos por um conselho disse:
            - Sim! Algo pode ser feito, mas é uma tarefa muito difícil. Você, Nuvem Azul, deve escalar o monte e apenas com uma rede e nas mãos deve caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E você, Touro Bravo, - continuou  o sábio feiticeiro - escale a montanha do trono.  Lá, no pico você encontrará a mais brava das águias. Com as mãos e uma rede  você a apanhará, trazendo-a viva para mim.
Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, à frente da tenda do sábio pajé, os dois esperavam com as aves dentro de um saco.
            O índio sábio pediu que, com cuidado, as tirassem dos sacos.
            Indagou o jovem:

            - E agora o que faremos?  Vamos matá-las e depois beberemos a honra de seu sangue?
            - Ou as cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? – propôs a bela índia.
            - Não! – disse o  pajé, - Amarrem-nas  pelas pernas e, soltem-nas, para que voem.
            Fizeram o  que lhes  foi ordenado e soltaram os pássaros.
            A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Exaustas e irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se e machucando-se.
            O velho disse:
            - Jamais se esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho.
            Vocês são como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados uma ao outro, ainda que por amor,  viverão arrastando-se e, cedo ou tarde,começarão a se machucar.
            Para que o amor entre vocês perdure... voem juntos, mas não amarrados.
            Concluímos, então, que a pessoa amada é companheira na senda de nossa evolução em direção à felicidade, com ela poderemos partilhar nossos sorrisos, nossas lágrimas, nossas esperanças, mas não escravizá-la na posse, como se fora um objeto.
            Os bons sentimentos existirão e perdurarão se houver liberdade e responsabilidade para com o ser amado.
           
                       
           
           

NTE O SUBLIME