domingo, 10 de maio de 2015

NÃO JULGUEIS




                É muito citada a frase: “ Não julgueis para que não sejais julgados” atribuída a Jesus, conforme o capítulo 7,  versículo  1, quando se quer alertar alguém sobre a sua impossibilidade de fazer julgamentos sobre os outros.
                A tradução acima da frase é João Ferreira de Almeida “in”  A Bíblia Sagrada, ed. Sociedade Bíblica do Brasil. Não traz a informação de qual idioma foi traduzida.
                Outras traduções trazem pequenas variações quanto ao uso de vocábulos e estrutura de redação, todavia, de maneira geral, mantém o mesmo sentido: “ não fazer julgamento”.
                Segundo os historiadores, Jesus, pela época e local em que viveu, teria falado em aramaico.
                Não existem manuscritos dos evangelhos e dos livros bíblicos no idioma aramaico.
                Os exemplares mais antigos que chegaram até os nossos tempos estão escritos em grego antigo, que depois foram traduzidos para o idioma latim, língua dos romanos, e desta para os demais idiomas.
                Então é importante que procuremos entender com a devida lógica os ensinamentos do Mestre Jesus, que, muitas vezes, apresentam profundidade de idéias muito além da aparência.
                Nesse ensinamento poderemos considerar que Jesus não pretendia condenar o julgamento como processo racional de análise e compreensão sobre determinado fato ou pessoa, mas o que deve vir na fase seguinte, após o julgamento, que é a condenação, se houver erro.
                Na verdade, a tendência das pessoas é condenar antes de julgar, se algo não lhe agrada, muitas vezes não considerando se está certa ou errada.
                Então muitos equívocos surgem e muitos males têm a sua dramática origem.
                Conta-se que um casal, recém  casado, mudou para um bairro muito tranqüilo.
                Na primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:
                - Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que a ensine a lavar as roupas!
                O marido observou calado.
                Três dias depois, também durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal, e novamente, a mulher comentou com o marido:
                - Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria  se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas!
                E assim, a cada  três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal.
                Passado um mês a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muitos brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido:
                - Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, será que a outra vizinha lhe deu sabão? Porque eu não fiz nada.
                O marido calmamente respondeu:
                - Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei a vidraça da janela.
                E assim é. Tudo depende da janela através da qual observamos os fatos. Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para contribuir; verifique seus próprios defeitos e limitações. ( A luz dissipa as trevas, vol. 2, Editora Paulo de Tarso, Goiânia, GO, 2002,  pg. 86).
                Para condenar é preciso saber julgar; caso contrário o julgador será condenado.
                O julgamento e a condenação devem sempre visar o Bem.