domingo, 30 de julho de 2023

A CONVIVÊNCIA ADEQUADA

 

 

  Aylton Paiva - paiva.aylton@terra.com.br

             Conversava com o amigo Guilherme quando ele comentou sobre a dificuldade da convivência, a começar com os próprios familiares.

            Disse-lhe: ontem li uma página muito interessante escrita pelo espírita e psicólogo Adenauer Novaes sobre o assunto e estou com o livro aqui, vamos dar uma lida?

            - É interessante... até mesmo a coincidência.

            - Adenauer comenta: “ A vida a dois, por mais amor que exista, é sempre o desafio no qual a união harmônica deveria prevalecer no final. O encontro inicial se dá por vários fatores que fazem com que uma pessoa se relacione com outra. Para a manutenção da relação devem concorrer os seguintes requisitos: identidade de propósitos, amizade e atração sexual. Sem eles a relação corre o risco de ser tornar instável. Quando um deles falta, o casal deve tomar consciência disso e buscar juntos alternativas de solução.

            Psicologicamente uma relação é a busca por um complemento que se realiza de forma arquetípica. São opostos que tentam se reconciliar no encontro amoroso, e assim o fazem para que a necessária coniuctionis ocorra, isto é, para que cada um integre em si o que projeta no outro e o que com ele apreende.

            Cada um busca seu complemento, por esse motivo não deve esperar que pensem da mesma maneira ou que gostem das mesmas coisas. Querer a igualdade entre os dois é anular um deles. Não se deve pensar que, por serem diferentes, não possa a relação dar certo ou ser bem conduzida.

            Um outro na vida de alguém deve levá-lo ao encontro consigo mesmo e à transformação de que necessita na vida. A união a dois deve levar ambos ao autoconhecimento, à descoberta de si mesmo, à transformação na vida social e à iluminação do Espírito”. (1)

            Mais adiante, comentando a convivência no lar, ele prossegue:

            “ Podemos sonhar com um lar no qual gostaríamos de viver, com características ideais e que nos permitisse viver em paz e feliz. Porém, esse lar é sempre fruto da construção pessoal de cada um. Não é algo que recebemos gratuitamente, mas que construímos ao longo das vidas sucessivas do espírito que somos.

            Pode-se pensar num lar onde haja discussões e preocupações, visto que são contingências naturais da vida em grupo. A vida, mesmo num ambiente de harmonia, exige que não se perca de vista o nível de evolução de cada pessoa e suas dificuldades íntimas.

            Construamos um lar como um ambiente de paz e harmonia, mas constituído por pessoas que possam, momentaneamente, apresentar algum tipo de insatisfação ou angústia. Afinal de contas a Vida oferece desafios constantes, os quais nos cabe vencer e com eles aprender”. (2)

            Não são interessantes as considerações que ele entretece sobre a compreensão e a divergência, o conflito e a paz; a busca da igualdade e a diferença?

            - De fato, o entendimento e a paz nunca serão frutos da submissão e da mesmice, ponderou Guilherme.

            - Sim! A liberdade de pensamento é um direito consagrado nas legislações avançadas e em O Livro dos Espíritos; nele encontramos a seguinte colocação, na questão nº 833: “ No pensamento goza o homem de ilimitada liberdade, pois que não há como pôr-lhe peias. Pode-se-lhe deter o voo, porém, não o aniquilar.” (3)

            Por outro lado, em análise anterior assim os Mentores Espirituais também se manifestaram: “ Não há liberdade absoluta, porque precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes “. ( Questão nº. 825)

            Interpôs Guilherme:

            - Então como encontrar o equilíbrio necessário?

            - Nas insatisfações e conflitos vamos procurar exercitar os princípios da Justiça: reconhecer os direitos do outro e claramente delimitar os nossos.

            - Belo desafio!

            - Vamos enfrentá-lo?

Bibliografia: (1) e (2) – O Evangelho e a Família, Adenauer Novaes, Ed. Fundação Lar Harmonia, págs. 57 e 58;

(3) – O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Ed. FEB