Vendo um
debate sobre o casamento, na televisão, lembrei-me de algumas reflexões a
respeito do tema, aproveitei-as, então, em uma palestra sobre o assunto.
A energia
que atrai o homem e a mulher para o casamento é muito forte.
Mesmo nos
dias atuais, quando os usos e costumes sofreram o impacto do mundo
industrializado, da globalização, da ascensão
social, profissional e econômica da mulher e a conseqüente ampliação da sua liberdade sexual, essa força é muito grande.
Há vozes que, pretendo trazer um cunho de
modernidade, afirmam ser o casamento uma instituição obsoleta, fadada ao
desaparecimento.
A Doutrina
Espírita nos diz que: “ para a sociedade
o relaxamento dos laços de família será a recrudescência do egoísmo “ ( v.
questão nº 775 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec )
Portanto a
atração entre o homem e a mulher para a constituição de um relacionamento
estável, de fidelidade, de produzir prazeres um para o outro, zelo recíproco é aspiração de ambos.
É inegável,
porém, que a modernidade trouxe algumas dificuldades para esse relacionamento
que nunca foi fácil.
A mulher
deixou de ser apenas a “ dona de casa”, com auxiliares ou não.
Não é mais
submissa, quase de forma incondicional ao homem, não só pelos usos e costumes,
mas, também, por uma legislação que a colocava sob a tutela do marido.
Hoje esse
relacionamento pode ser estimulador de crescimento e realização para ambos ou
foco de constantes conflitos.
Ao lado dos
fatores jurídicos sociais surgem os fatores psicológicos.
Fui levado
a essas reflexões após a leitura de interessante história, cujo título já é
bastante sugestivo: “ o verdadeiro amor não prende, apenas acompanha “
Assim
inicia:
“ Conta uma
antiga lenda dos índios Sioux, que, Touro Bravo, valente e honrado jovem guerreiro e Nuvem Azul, a filha do
cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo,chegaram de mão dadas, até a
tenda do velho pajé da tribo...
Nós nos
amamos... e vamos nos casar – disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um
feitiço, um conselho, ou um talismã... alguma coisa que nos garanta que
poderemos ficar sempre juntos... que nos assegure que estaremos um ao lado do
outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
O velho
índio emocionado ao vê-los tão apaixonados e desejosos por um conselho disse:
- Sim! Algo
pode ser feito, mas é uma tarefa muito difícil. Você, Nuvem Azul, deve escalar
o monte e apenas com uma rede e nas mãos deve caçar o falcão mais vigoroso do
monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E você,
Touro Bravo, - continuou o sábio
feiticeiro - escale a montanha do trono.
Lá, no pico você encontrará a mais brava das águias. Com as mãos e uma
rede você a apanhará, trazendo-a viva
para mim.
Os jovens abraçaram-se com ternura e logo partiram para
cumprir a missão. No dia estabelecido, à frente da tenda do sábio pajé, os dois
esperavam com as aves dentro de um saco.
O índio
sábio pediu que, com cuidado, as tirassem dos sacos.
Indagou o
jovem:
- E agora o
que faremos? Vamos matá-las e depois
beberemos a honra de seu sangue?
- Ou as
cozinhamos e depois comemos o valor da sua carne? – propôs a bela índia.
- Não! –
disse o pajé, - Amarrem-nas pelas pernas e, soltem-nas, para que voem.
Fizeram
o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros.
A águia e o
falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Exaustas e
irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si,
bicando-se e machucando-se.
O velho
disse:
- Jamais se
esqueçam o que estão vendo. Este é o meu conselho.
Vocês são
como a águia e o falcão. Se estiverem amarrados uma ao outro, ainda que por
amor, viverão arrastando-se e, cedo ou
tarde,começarão a se machucar.
Para que o amor entre vocês
perdure... voem juntos, mas não amarrados.
Concluímos,
então, que a pessoa amada é companheira na senda de nossa evolução em direção à
felicidade, com ela poderemos partilhar nossos sorrisos, nossas lágrimas,
nossas esperanças, mas não escravizá-la na posse, como se fora um objeto.
Os bons
sentimentos existirão e perdurarão se houver liberdade e responsabilidade para
com o ser amado.
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