Caminhava tranquilamente pelo calçadão quando divisei a
menininha, segura pelas mãos do pai, que queria correr para pegar as pombinhas que saltitavam
no chão à procura de comida.
Era de se ver a alegria e contentamento da garotinha
vendo as pombas; e ao delas se aproximar
saiam voando para pousar em lugares mais altos, naturalmente se protegendo do
imprevisível “bicho” humano.
A cada tentativa e insucesso de agarrá-las, ria às
gargalhadas.
O pai pacientemente a acompanhava.
Pararam por alguns instantes. A menina não se conteve ao
ver novamente as pombas pousando quase à sua frente.
Saiu correndo para pegá-las, com o rostinho iluminado
pela alegria e o sorriso incontido.
Correu alguns passos e... caiu. As pombas novamente
voaram para a segurança que desejavam.
O pai pressuroso correndo disse:
- Não lhe disse, filhinha, para que não corresse atrás
das pombas?
A menina levantou-se, esfregando o joelhinho, ainda
sorrindo, respondeu:
- Papai, mas elas voam tão bonito!
O pai carinhosamente agasalhou-a no colo e saíram atrás das pombas que, em lindo balé, de novo debandaram.
Fiquei pensando... Cena linda e comovente!
A alegria espontânea de uma criança.
Seu amor pelos animais.
O pai zeloso, carinhoso e compreensivo com os objetivos
da filha.
As pombas voando para se proteger, porém retornando em
busca do alimento.
A menina superando a dor da queda, no momento, para prosseguir
em seu objetivo.
As lições são muitas.
O amor aos animais... à Natureza.
O carinho e a proteção paternal.
As dificuldade, o
esforço e a até a dor para atingir um alvo.
Como o ser humano, desde a tenra idade é capaz sonhar e apreciar o belo.
Pai e filha se diluíram no burburinho dos passantes.
Eu ainda refletia sobre essa bela e profunda lição de
vida, ainda que apresentada de forma tão prosaica.