A IMPRUDÊNCIA E A CÓLERA
Seguiam
os carros em fila indiana. Na minha frente, antes do cruzamento das ruas, um
carro.
Seguíamos.
A preferencial era nossa.
Subitamente
outro carro, sem respeitar a sinalização de solo: PARE, avançou.
O
condutor do automóvel, na minha frente, freou bruscamente e imediatamente
buzinou, colocou o braço para fora, através da janela, e, por sua expressão, e
a forma como articulava as palavras, tenho certeza de que ele não estava
agradecendo o imprudente.
Mais
adiante, com toda a segurança, ao ultrapassá-lo, rapidamente, percebi que sua
fisionomia ainda estava tensa com a forte emoção da cólera estampada.
É
evidente que a imprudência do motorista que cortou a sua frente foi de molde a
produzir grande susto e forte indignação, todavia é sempre preciso ter cautela
para não deixar os sentimentos e emoções assim gerados tomarem conta da nossa
racionalidade de seres humanos.
Muitos
são os episódios relatados no noticiário policial que culminam com atritos
físicos e até mesmo com o homicídio.
Encontramos
em O Evangelho Segundo
o Espiritismo, de Allan Kardec, na reflexão sobre: “ Bem aventurados os
pacíficos...” – Jesus, no capítulo IX, item 9, parágrafo segundo: “ Pesquisai a
origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto,
fazendo perder o sangue frio e a razão. Pesquisai e, quase sempre, deparareis
com o orgulho ferido. Que é o que vos faz repelir coléricos, os mais ponderados
conselhos , senão o orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas
vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade,
diante da qual entende que todos se devem dobrar.” E mais adiante complementa:
“ Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e
compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas,
outra consideração, sobretudo, deverá contê-lo, a de que torna infelizes todos
os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que
sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal, se , num acesso de fúria,
praticasse um ato que houvesse de deplorar toda a sua vida!”
Da
reflexão desse texto concluímos a importância de aprender a controlar nossas
emoções e sentimentos para não avançarmos indevidamente os sinais da vida e
provocarmos graves acidentes de sérias conseqüências para nós e para aqueles
com quem convivemos.
Como,
necessariamente, precisamos aprender a controlar o carro e as regras de
trânsito também necessitamos aprender a conduzir o maravilhoso veículo de nossa
manifestação na vida material – o corpo físico e, ainda, as regras de bem nos
conduzir, mesmo diante de obstáculos.
Continuamos
a nossa viagem.
Mais
adiante, o motorista imprudente estava com o carro estacionado. Ao lado
dele o policial lavrando o auto de
infração. Para aproveitar os “segundinhos” atravessara o sinal vermelho.
Felizmente
nada de grave. Somente a multa educativa: pontos na carteira e um valor a ser
pago.
Porém
quantas desgraças em consequência de atos como o dele: acidentes, ferimentos,
limitações para o resto da vida e mortes.
O
outro motorista, assustado e encolerizado, aos poucos foi se acalmando. Chegando em casa tomou um copo d’água
para tranqüilizar mais.
Felizmente
não teve enfarto, nem AVC. Alguns têm!
E
eu... procurando aprender a lição
protagonizada pelos dois.
Vivendo
e aprendendo!
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