Amélia,
dedicada companheira de estudos, trouxe um texto para que o analisássemos à luz
da Doutrina Espírita e dos conhecimentos de auto-aperfeiçoamento apresentados
em livros por especialistas dessa área.
Ponderei-lhe,
de início, que correm, atualmente, muitos textos em livros, revistas e, também,
na internet, que apresentam frases bonitas, tendo como fundo belos desenhos,
apresentadas como chaves milagrosas para resolver várias questões, como: saúde,
aprimoramento espiritual, prosperidade financeira e econômica, amor erótico,
amor a Deus e amor ao próximo.
Às
vezes pretendem, ante problemas, oferecer lições assim: “Que a sua mente tenha
a tranqüilidade da superfície do lago sereno “.
Ora,
a frase pode ser bonita e até poética, mas não resolveremos nossos problemas
comparando-os a “tranqüilidade “ da nossa mente com a “superfície do lago
sereno”, pois a água estará tranqüila enquanto nada tocar a sua superfície.
Nossa
mente reflete palavras, imagens, sons, idéias, situações concretas da vida
diária produzindo sentimentos e emoções que envolvem a nossa personalidade, de
forma mais ou menos intensa, gerando alegria, tristeza, tranqüilidade, raiva,
coragem, medo e outros estados emocionais.
As
frases, as imagens podem estimular-nos o aprimoramento de nossa alma, como diz
a Religião, ou aperfeiçoamento da nossa
personalidade, como conceitua a Psicologia, mas as nossas ações e reações ao
bem e ao mal, ao ético e não-ético devem ser analisadas e compreendidas a fim
de que tenhamos a possibilidade de uma conduta certa ou assertiva.
Comecei
a analisar, então, junto com aquela senhora, as frases que ela trazia em um
folheto:
Diminua as próprias necessidades e aumente as suas
concessões.
Depende que tipo de necessidade, pois o próprio nome
indica: necessidade. Não está em
consideração o supérfluo. Todos temos a imperiosidade de atender às nossas
necessidades.
Aumentar
as concessões também merece reflexão, pois seja a quem for e o que for
precisamos saber se a concessão que estamos dando efetivamente vai ajudar a
pessoa ou ela poderá, simplesmente, estar nos explorando.
Intensifique o seu trabalho e reduza as quotas de tempo
inaproveitado.
Depende
das condições físicas, psicológicas e de tempo para que a pessoa possa
intensificar o seu trabalho e aumentar o seu tempo de serviço, pois,
atualmente, sabe-se que uma pessoa com excesso de trabalho pode entrar em
estresse, que é um transtorno mental e emocional muito doloroso.
Eleve as idéias e reprima os impulsos
Sem
dúvida, elevar as idéias no sentido nobre e elevado da justiça e do amor é
muito importante para ela e para as pessoas que recebem a sua influência, mas
simplesmente reprimir impulsos é algo que precisa ser ponderado. Os impulsos
são essenciais à nossa vida para a saciedade ou “matar” a fome, a sede, a
carência sexual e tantos outros.
O
que é necessário é compreender e controlar os impulsos, limitando-os quando
excederem a normalidade.
Julgue a você mesmo e desculpe indistintamente.
É evidente que todos precisamos da auto-análise e do
julgamento dos nossos atos, se foram bons ou foram maus. Se não foram bons o
que deveremos fazer para corrigi-los ou reparar o mal que tenham feito. Essa é
a conduta adequada e dentro da ética cristã e espírita.
Desculpar
indistintamente é algo que precisa ser convenientemente compreendido.
Desculpar
é excluir a culpa, ora se uma pessoa fez algo ruim ela gerou com o seu
comportamento uma culpa. Essa culpa pode ser social ou se inserir na esfera penal e criminal e, sem
dúvida, as condutas anti-sociais, anticristãs precisam ser devidamente
reparadas através do esclarecimento, da educação e, se necessário, da
repressão.
O
que não podemos é manter pensamentos de ódio, de rancor, de vingança para com
aquele que nos tenha prejudicado ou ofendido, todavia a pessoa má deve ser
contida, orientada e educada na extensão do que isso se faça necessário.
A
jovem senhora, que acompanhava a análise, concluiu:
-
Então aceitar ou decorar essas frases não é ter a chave da boa conduta, de forma
absoluta?
-
Não a nossa conduta precisa estar baseada nos princípios da justiça e do Amor a
impulsionar-nos de forma consequente para os exercícios reais da fraternidade e
da solidariedade.
-
De nada valem, pois, esses textos de auto-ajuda?
-
Bem, o Espiritismo esclarece que devemos, no exercício de nossa fé, usar a
razão e o bom-senso.
A
frase pode ser bonita e poética, contudo precisamos saber qual a real mensagem
que ela está passando.
-
É... então vou analisar melhor tais frases; belas em suas construções, porém é
preciso saber a essência. – concluiu Amélia – com um sorriso.
Nosso
grupo de estudos já nos aguardava.
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