sábado, 10 de agosto de 2013

A INDIGNAÇÃO DOS BONS



Sem dúvida, quando vemos os atos de improbidade administrativas nos diferente órgãos governamentais sentimos a indignação  e mesmo a revolta.
Encontramos na questão nº 930 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, a indagação:
“ Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja  a dos bons?”
E os Mentores Espirituais responderam:
“- Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão. “
No relato, abaixo, temos o admirável exemplo de um “bom” , juntamente com o seu público, indignando-se e agindo contra os maus.
Giuseppe Fortunino Francesco Verdi foi um compositor de óperas do período romântico italiano. Considerado, então, o maior compositor nacionalista da Itália.
Foi um dos compositores mais influentes do século XIX. Suas obras são executadas com frequência em Casas de Ópera em todo o mundo e, transcendendo os limites do gênero, alguns de seus temas estão, há muito, enraizados na cultura popular.
Entre esses, Va, pensiero, o coro dos escravos hebreus, da ópera Nabucco.
Nabucco é uma ópera em quatro atos, escrita em 1842. Conta a história do rei Nabucodonosor da Babilônia.
Por ter sido escrita durante a ocupação austríaca no norte da Itália, dadas as tantas analogias que apresenta, suscitou o sentimento nacionalista italiano.
O coro dos escravos hebreus, no terceiro ato da ópera, tornou-se uma música-símbolo do nacionalismo italiano da época.
No mês de março do ano em curso [2011], no Teatro da Ópera de Roma, esse coro levou os cantores e músicos à muita emoção. E o público presente, ao delírio, numa grande demonstração de fé patriótica.
O maestro Riccardo Muti acabara de reger o célebre coro dos escravos, Va pensiero. O público aplaudia incessantemente e bradava bis!
O maestro, então, se volta para a platéia e recorda o significado patriótico do Va pensiero que, além de sua intrínseca beleza, que é inexcedível,  tem enorme apelo emocional, até hoje, entre os italianos.
Riccardo pede ao público presente que o cante agora, com a orquestra e o coro do teatro, como manifestação de protesto patriótico contra a ameaça de morte contida nos planejados cortes do orçamento da cultura.
Ele rege o público, enquanto a orquestra e o coro se irmanam na execução do hino, cujos versos podemos assim traduzir:
Voa, pensamento, com tuas asas douradas. Voa, pousa nas encostas e no topo das colinas, onde perfumam mornas e macias as brisas doces do solo natal!
Cumprimenta as margens do rio Jordão, as torres derrubadas de Jerusalém...
Oh, minha pátria tão bela e perdida! Oh, lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada dos grandes poetas, por que agora estás muda?
Reacende as memórias no nosso peito, fala-nos do bom tempo que foi!
Traduz em música o nosso sofrimento, deixa-te inspirar pelo Senhor para que nossa dor se torne virtude!
No Brasil, em nossos dias, os jovens levantam a bandeira da indignação pelo aumento de R$0,20 no preço da passagem de ônibus e essa bandeirinha torna-se a grande bandeira da Pátria Brasileira que agasalha os cidadãos, vilipendiados em seus direitos fundamentais, ao longo do tempo; cobre-os pelas ruas, pelas praças, pelas rodovias, nas capitais, nas grandes cidades e  nas pequenas cidades.
O pensamento do povo voa em busca da justiça, da dignidade,  da igualdade, da fraternidade e da  solidariedade até agora negadas pelos que estão no topo da montanha do poder. A dor se tornou virtude!
  Que os bons saibam se indignar!


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