quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ADORAÇÃO A DEUS

            Nosso grupo de estudo, naquela noite, debruçava-se sobre a Lei de Adoração, constante da 3ª Parte de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, desejando entende-la ou ampliar o seu conhecimento sobre ela.
            Luciano, o coordenador do grupo, afirmou:
            - De início já vou citar a questão formulada por Allan Kardec: “ Tem Deus preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira?” Ao que, os Mentores Espirituais esclareceram: “ Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que julgam honrá-lo com cerimônias que os não tornam melhores para com os seus semelhantes”.
            - Interessante, aparteou Antonio:
            Parece que essa colocação do assunto leva-nos a uma visão que o conceito de adoração, no Espiritismo, apresenta a adoração a Deus como forma de participação na sociedade. É isso?
            - O que você opina, Lourdes?
            - É parece que para se fazer o bem e evitar o mal é necessário que o ser humano seja participante da sociedade em que vive, através de ações que preservem os próprios direitos naturais, como também, dentro de suas possibilidades, defenda os direitos naturais do seu semelhante.
            Ricardo, com o seu temperamento alegre, exclamou:
            - Olha aí, não só a espírita, como, também, a ilustre advogada aprofundando a questão.
            - Sem gozação, Ricardo, porém acrescento: de nada vale a adoração exterior manifesta em rituais e posturas falsas, se o comportamento da pessoa é motivada pelo egoísmo, orgulho, vaidade e prepotência.
            Com a sua tranqüilidade, Luciano aduziu:
            - Para fazer o bem e evitar o mal é necessário procurar extinguir o orgulho, a inveja, o egoísmo, a vaidade e a prepotência, não só em si mesmo, como também das instituições sociais.
            Interessante, Luciano, prosseguiu Ledir:
            - Esse conceito de adoração a Deus leva não só à reforma íntima, ou seja, à auto-educação da pessoa, como à reforma da sociedade em seus padrões de egoísmo e orgulho, em nome das quais se justificam as desigualdades e as injustiças.
            - É verdade Ledir, há líderes religiosos que afirmam dever a religião cuidar apenas da alma; e nesse cuidar da alma justifica-se a submissão total que leva à alienação social.
             O Espiritismo não apresenta um conceito de adoração fundamentado na submissão passiva e medrosa ao Criador.
            Torna-se necessário ter cuidado afim de que a religião, e nela a adoração a Deus, não se torne instrumento dos poderosos do mundo  para manipulação do povo, de conformidade com os seus interesses pessoais ou dos grupos a que pertencem.
            Paulo, que se mantivera em silêncio até então, interferiu:
            - Estava pensando... O Espiritismo ajuda na compreensão das limitações humanas e na proteção divina, nunca apelando a uma submissão castradora, de inibição às potencialidades humanas. Pelo contrário, demonstra que a oração ao aproximar a criatura ao Criador, constitui-se numa possibilidade de estudo de si mesma. As boas ações são as melhores preces, por isso valem os atos mais que a palavra de pessoas cujos atos as desdizem.
            - É Paulo, falou tranqüilamente Terezinha,  segundo o Espiritismo, o valor de uma religião , filosofia ou seita está em promover o crescimento, a força, a liberdade àquelas pessoas que a professam e, conseqüentemente, as levam a fraternidade e à solidariedade.
            Após algum tempo de análises e debates sobre as essenciais condições para a adoração a Deus, sob a ótica espírita, Luciano arrematou:
            - Bem pessoal, penso que, após o nosso diálogo, poderemos sintetizar assim: “ o conceito espírita de adoração infunde um profundo respeito pela Vida, uma permanente indagação sobre o universo e o homem, um intrínseco amor pelo semelhante. Estimula sempre o aperfeiçoamento e o progresso da pessoa e da sociedade, através da solidariedade”.
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